Banda
O enorme sucesso provocado pelo bloco Ara ketu, que tinha na base percussiva sua maior singularidade, acabou por criar a necessidade de uma banda com um trabalho baseado na pesquisa da música africana tradicional, devidamente readaptada musicalmente para temática brasileira.
No dia 8 agosto de 1989, a Banda Ara Ketu começou o seu trabalho musical, sem deixar de lado a ênfase eminentemente ligada à prática percussiva. A partir deste período começaram as viagens internacionais, levando para países da Europa, América Latina e a cidades dos Estados Unidos a música que se produzia na Bahia.
Em 1990 incorporou novos elementos à sua música, devido à participação da empresária da Banda Ara Ketu e diretora do Bloco Ara Ketu, na criação do memorial da Ilha de Goré Almadie, no Senegal. Lá ela conheceu de perto a musicalidade moderna africana: música de origem tribalística, eminentemente percussiva, misturada a sintetizadores, samplers e instrumental eletrônico. Este fato levou-a a implementar essa "nova" musicalidade na Banda Ara Ketu, fazendo as devidas adaptações musicais.
Aproveitando o melhor da percussão existente no Bloco Ara Ketu, bem como o vocalista, que já fazia parte do “Ara Ketu percussivo”, buscou-se o restante dos músicos para formar o instrumental eletrônico e o naipe de sopro, que tivesse identificação com essa nova formação.
Os músicos da banda então resolveram "importar" a idéia, readaptá-la à ritmia brasileira (nos sambas, músicas nordestinas e toques de candomblé) e realizaram a maior revolução experimentada pela música afro-baiana. Surge assim o estilo próprio do Ara ketu, que atrai pela força das canções, com letras que falam do povo e para o povo, com símbolos e códigos das etnias afros, sob a influência forte da música contemporânea. Dessa miscelânea de ritmos e estilos próprios a banda Ara ketu traçou seu caminho rumo ao sucesso e o reconhecimento popular.
Discografia
A discografia do Ara ketu é vasta e repleta de pérolas musicais que são sucesso até hoje, principalmente no carnaval. O Ara Ketu se destaca também, por ser o primeiro dos novos grupos negros baianos a empunhar uma guitarra elétrica e misturar a música de percussão com eletrônica. A pesquisa musical sempre foi latente por entre os músicos e os diretores da banda. O primeiro disco fruto desta junção - para muitos inusitada, mas executada com maestria - foi Ara Ketu (1992), gravado pelo selo independente inglês Seven Gates. Apesar da reconhecida qualidade do trabalho da banda e do crescente interesse do público estrangeiro pela música dos brasileiros, o disco teve lançamento limitado à Europa. A própria banda passou a ser mais respeitada no exterior do que no Brasil.
O Bloco
“Ara Ketu é música que se ouve do alto, do som dos tambores e atabaques percussivos, que ecoa dos Povos de Ketu, levados pelo vento, até tomar conta de uma nação.” Assim surgiu o bloco Ara Ketu – formado por um grupo de foliões de Periperi, Subúrbio Ferroviário de Salvador, no dia 08 de março de 1980, com o intuito de fortalecer os signos da cultura afro-baiana através da música.
As tradições culturais da Bahia e da África são temas que impulsionam o bloco Ara ketu, que passou a fazer parte do carnaval de Salvador como um importante divisor de águas, desfilando as cores azuis e brancas, com motivos que evidenciam as tradições afros. O Ara Ketu percussivo tomava as ruas, levando com ele uma multidão de pessoas que se encantavam pela batida forte e marcante da percussão.
Neste contexto, a Banda Ara Ketu nasceu à imagem e semelhança do Bloco. Desde o princípio, apesar de ter se formatado como a maioria dos grupos musicais que floresciam a sombra das entidades carnavalescas de fortes raízes africanas, buscou seu diferencial, seu jeito próprio de pensar e fazer arte. E não demorou muito para que as pessoas do Bloco suburbano passassem a pensar a música de uma forma cosmopolita, universal, sem discriminar qualquer tipo de som, de palavra, de expressão.
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